O que é o autismo?
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O autismo (ou Transtorno do Espectro Autista – TEA) não é uma doença, uma deficiência ou algo que precise ser “curado”. É uma condição neurológica inata que molda fundamentalmente como uma pessoa percebe o mundo, processa informações e se comunica. Pense assim: a maioria das pessoas (neurotípicas) opera com um “sistema operacional” padrão. Pessoas autistas têm um sistema operacional diferente — não melhor nem pior, mas com prioridades, recursos e funcionalidades únicas.
Princípios centrais para entender o autismo:
1. É um Espectro (Espectro ≠ Linha Reta)
• Não existem dois autistas iguais. O “spectrum” (espectro) não é uma linha de “leve” a “grave”, mas um mapa multidimensional de traços e características.
• Uma pessoa pode ter:
◦ Habilidades excepcionais em matemática e dificuldade em tarefas diárias.
◦ Sensibilidade auditiva extrema e pouca sensibilidade à dor.
• A expressão do autismo é única para cada indivíduo.
2. Diferenças na comunicação e interação social
• Não é sobre não querer se conectar; é sobre conectar-se de forma diferente.
• Pode incluir:
◦ Dificuldade em entender linguagem não literal (sarcasmo, metáforas).
◦ Comunicação direta e literal (valorizando a honestidade acima da conveniência social).
◦ Dificuldade em decifrar expressões faciais ou intenções não ditas.
◦ Estilo de comunicação único (às vezes não-verbal ou técnico).
3. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades
• Isso é muitas vezes onde a força e a beleza do autismo se manifestam:
◦ Hiperfocos: Interesses intensos e profundos que podem levar à maestria em um assunto.
◦ Necessidade de rotina e previsibilidade: Ajuda a criar um mundo estável em meio a um fluxo caótico de informações sensoriais.
◦ Comportamentos repetitivos (stimming): Que envolvem balançar, bater os dedos, vocalizar. São estratégias de autorregulação para manejar ansiedade, excitação ou sobrecarga sensorial.
4. Processamento sensorial atípico
• Este é um dos aspectos mais centrais e subestimados. O cérebro autista pode ter:
◦ Hipersensibilidade (Sentir demais): Sons fracos parecem amplificados, peças de roupas coçam, luzes brilhantes doem. Pode ser avassalador.
◦ Hiposensibilidade (Sentir de menos): Pouca sensação de dor, necessidade de pressão profunda (cobertores pesados), busca de estímulos intensos (girar, balançar).
◦ O mundo cotidiano pode ser uma experiência sensorial intensa e não filtrada.
Metáfora: O autismo como um sistema operacional diferente
• Sistema neurotípico: Otimizado para “rede social”, processamento rápido de pistas sutis e multitarefa em ambientes caóticos. Pode sacrificar profundidade por eficiência social.
• Sistema autista: Otimizado para processamento profundo, padrão de detecção, honestidade radical e foco intenso. Pode sacrificar ritmo social por consistência lógica e sensorial.
O “déficit” só aparece quando o mundo é construído apenas para o primeiro sistema operacional. Quando entendemos e adaptamos o ambiente, o “sistema autista” não apenas funciona — ele brilha.
O autismo é, portanto, uma forma alternativa de ser humano. Uma forma que nos lembra que a neurodiversidade é tão crucial para nossa espécie quanto a biodiversidade é para a natureza.
Metáfora da informática:
No mundo existem vários sistemas operacionais. Existem sistemas operacionais em Windows, que representa a neurotipia, que representa a maioria e existem sistemas operacionais em Linux e sistemas operacionais mais personalizados (Neurotipos). Os sistemas Windows e Mac foram são a maioria e isso não quer dizer que os demais sistemas operacionais não sejam válidos. Sim! São válidos, no entanto diferentes.



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